sábado, 10 de novembro de 2012

A MENTALIDADE MÍTICA


 
 


A MENTALIDADE MÍTICA
 
Desde o aparecimento da Filosofia na Grécia, no século VI a.C. até fins do século XIX, o valor atribuído à racionalidade contribuiu para a desvalorização da mentalidade mítica, como se os homens da pré-história tivessem culpa por não serem filósofos nem cientistas. A antropologia, sobretudo a partir do início do século XX, foi-se apercebendo da enorme importância dessa fase da humanidade. Vejamos algumas características do mito.
 A mentalidade mítica apresenta uma explicação para todos os problemas que preocupavam o homem. Criaram-se mitos em todos os povos para responder a problemas sentidos, como a morte, a doença, a fome, os cataclismos (tremores de terra, eclipses, trovoadas). Mais surpreendente foi a criação de mitos para problemas pensados, como o da explicação da origem do mundo e do homem. Só um pensamento muito evoluído pode inquietar-se com questões que não afetam a sensibilidade. Curiosamente, a força dos mitos manteve-se muito intensa, após a racionalidade grega, até aos nossos dias.
 
Os mitos são sincréticos porque pretendem apresentar uma explicação global para todos os aspetos da realidade a que se destinam. Este sincretismo implica a não distinção entre símbolo e realidade.
Os mitos são antropomórficos. Todas as explicações apresentadas para os problemas entroncam em figuras humanizadas, que têm as mesmas paixões e defeitos dos homens, dos quais se distinguem apenas pelas suas extraordinárias capacidades de força, de resistência às doenças e à morte.
 
O tempo original. As narrações míticas remetem, quase sempre, para os tempos primordiais, que deram origem à realidade mitificada. Por isso, quando se fala do mito há sempre um recuo a um tempo tão distante da memória comum que a sua verdade é apenas garantida pela palavra dos antepassados.
Ciência do concreto. O antropólogo francês Claude Levi Strauss aproxima o pensamento mítico do pensamento científico realçando o caráter interpretativo das causas dos fenómenos presente, quer na ciência, quer no mito. A diferença, segundo ele, está apenas no seguinte: a ciência constrói teorias abstratas válidas para qualquer situação, o mito constrói explicações concretas para problemas gerais.
 
Mito e ritual. Uma das características mais surpreendentes do mito consiste na necessidade que os homens sentiam de entrar em comunhão com as forças que lhe deram origem. Tudo se passa como se o ritual abrisse um túnel de ligação entre o tempo presente e o tempo primordial. O ritual repete-se num determinado tempo e num determinado lugar que adquirem características sagradas. A realização dos rituais implica, quase sempre, a existência de pessoas dotadas de poderes sagrados (sacerdotes) que são intermediários entre o povo e o mito.
 
 

 
 

 

 

 

 

 

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