sábado, 10 de novembro de 2012

RENASCIMENTO - GALILEU





RENASCIMENTO

 

INVENÇÃO DA IMPRENSA – A ARTE RENASCENTISTA – OS DESCOBRIMENTOS – NICOLAU COPÉRNICO – FRANCISCO BACON -GALILEU

 

O Renascimento foi um movimento cultural que nasceu em Itália no séc. XIV e que se estendeu pela Europa latina, nos séc. XV e XVI. Caracterizou-se pela motivação dos nobres por assuntos culturais que, assim, deixaram de ser apenas reservados aos clérigos. Com a laicização, abriu-se o leque das preocupações culturais. Surgiu um grande entusiasmo pelos autores pagãos, gregos e latinos (os clássicos antigos), cujas obras eram estudadas cuidadosamente. O homem passou a ser o principal objeto de estudo dos renascentistas, passando os temas teológicos para segundo plano.

A invenção da imprensa, em meados do séc. XV, por Gutemberg, foi um preciso meio técnico para a difusão das obras antigas.

 A arte renascentista deixou em Roma e noutras cidades italianas, inúmeras obras de pintura e escultura, feitas de acordo com os códigos antigos e que tinham sido esquecidos durante o milénio medieval. Miguel Ângelo, Rafael, Leonardo da Vinci são pintores renascentistas de valor perene.

 Os Descobrimentos do novo mundo, em que os Portugueses foram protagonistas, contribuíram também, de modo importantíssimo, para a fragmentação do domínio teológico. É de realçar o papel impulsionador do Infante D. Henrique, criador da escola de Sagres, onde se preparavam os navegadores.

A descoberta de novas terras, (totalmente desconhecidas na época e que representavam mais de meio mundo), o encontro com novas culturas no Oriente e a confirmação de que a terra era redonda, tudo isto veio baralhar o pensamento monolítico medieval. Ao mesmo tempo, rasgaram-se, espantosamente, os horizontes da cultura, com motivações de natureza económica (a "dilatação do império" e a viagem ao Oriente por mar, para comprar especiarias) e de natureza religiosa (a "dilatação da fé" e o combate aos infiéis).

Os Descobrimentos, com a dominação portuguesa (e espanhola) nas costas e mares da África, América e Ásia, constituem, sem a menor dúvida, não só o começo da expansão marítima da Europa e da cristandade, mas são também um dos marcos mais visíveis a separar o mundo medieval do mundo moderno.

 Nicolau Copérnico (1473-1543) deu a grande machadada no pensamento escolástico medieval, com a obra "As revoluções das orbes celestes”. Servindo-se da linguagem autónoma da matemática, partiu da hipótese de que o movimento dos astros se processava à volta do Sol (heliocentrismo) e não da Terra (geocentrismo) E concluiu que assim tudo se explicava de modo mais simples. Ora Deus, inteligência pura, tinha de fazer o Universo do modo mais simples possível.

Quando os inquisidores concluíram que o livro de Copérnico escondia uma heresia já não foram a tempo de massacrar o herege, porque a morte antecipara-se.

 Francisco Bacon (1561-1626) construiu as tabelas de presença e ausência dos fenómenos iniciando assim o experimentalismo, desconfiando da evidência imediata dos sentidos e da física aristotélica. 

 Galileu (1564-1642). Se não fossem os senhores da Inquisição a condenar Galileu, por causa da sua defesa do heliocentrismo, provavelmente, o nome deste pensador italiano não apareceria tão intimamente ligado a este aspeto da ciência moderna. De facto, Galileu deixou-se seduzir de tal modo pela teoria de Copérnico que começou a ensiná-la aos seus alunos na Universidade de Pádua e a fundamentá-la experimentalmente, através da "Iuneta astronómica" - um telescópio rudimentar que ele inventou para mostrar que na lua ({havia montes e vales)} e não era uma substância vítrea, como dizia Aristóteles. Porém, as suas provas não eram tão concludentes que bastassem para convencer muitos cientistas da sua época, tais como o astrónomo Tycho Brahe, dinamarquês, que discordava de Copérnico.

O maior contributo de Galileu para a ciência moderna foi, sem dúvida, a matematização do real. Constatando a inutilidade da pesquisa especulativa e silogística dos aristotélicos, à procura de essências e substâncias, rejeitou essa tarefa e teve a intuição de que o Universo, feito por Deus todo-poderoso, tinha de ter uma estrutura tão coerente e lógica como a própria matemática. Além disso, o conhecimento matemático eliminava de vez as disputas intermináveis dos filósofos escolásticos, muitas vezes sobre questões de "Iana caprina'. Ao restringir o campo de investigação científica à perspetiva quantitativa, Galileu pôs de parte as questões acerca das substâncias (por serem inacessíveis) e das qualidades (por serem subjetivas).

Poder-se-á dizer que Galileu se limitou a ressuscitar a velha teoria dos pitagóricos da base matemática da realidade? De modo nenhum. Galileu, antes de construir uma teoria matemática interpretativa da realidade - hipótese - observava criticamente a natureza, procurando desocultar os segredos do rigor das suas leis. A observação racionalizada podia até estar em contradição com a evidência imediata (como acontece com o movimento não sensível da Terra), mas Galileu, quando elaborava a hipótese, trabalhava sobre os dados criteriosamente recolhidos, não se deixando impressionar ou distrair pelos aspetos não quantificáveis. Havia assim uma dupla garantia de verdade: a dos sentidos e a da razão, em recíproca vigilância. Galileu conjugou bem o experimentalismo de Bacon com o matematismo de Copérnico.

O entusiasmo de Galileu pelo seu novo método levou-o a dizer que a ciência matematizada era um caminho mais rigoroso do conhecimento de Deus que a própria Bíblia, (que está escrita numa linguagem figurativa, adequada aos ignorantes), enquanto que a linguagem matemática permite conhecer as leis do Universo, tais como Deus as elaborou.

Galileu ainda não estava satisfeito. Para evitar um matematismo desviado da realidade concreta, era preciso submeter a hipótese à experimentação para verificar a sua adequação. Criou então alguns modelos mecânicos (ou instrumentos laboratoriais, como o plano inclinado e o telescópio) capazes de garantir, pela repetição da mesma experiência um grande número de vezes, que o fenómeno obedecia rigorosamente à hipótese. Se tal não acontecesse, a hipótese mantinha o seu valor na matemática pura, mas seria preciso investigar mais e melhor para encontrar a lei da natureza que se procurava.

Galileu revelou uma intuição genial na aposta que fez no novo método. Quando contestou a física de Aristóteles, e o geocentrismo não tinha garantias suficientes da verdade da sua opinião. Podia ter falhado, mas não. Abriu o caminho para a ciência que se manteve, quase sem contestações, até meados do século XIX. Na ciência, como na vida, além de um esforço muito persistente, e de muitos conhecimentos, é também preciso um pouco de sorte.

lourencoarm.blogspot.com



 

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