A IMPORTÂNCIA CULTURAL DA IGREJA NA IDADE MÉDIA
A importância cultural da Igreja na
Idade Média é tanto
mais de assinalar quanto é certo que os nobres de então desdenhavam a cultura.
Criaram-se escolas junto das catedrais e, no século XII, surgiram as primeiras
universidades (D. Dinis fundou a primeira em Lisboa, em 1290).
As catedrais góticas, talvez a criação mais genial da Idade
Média, são construções enormes, com colunas harmoniosas terminadas em arcos em
ogiva que sustentam as abóbadas altíssimas, iluminadas por enormes janelas com
vitrais policromos. Além duma religiosidade espantosa, as catedrais góticas têm
as marcas duma beleza austera e duma elegância inultrapassáveis. Foram erigidas
em muitas das grandes cidades europeias, desde o século XII ao século XV e
revelam um grande desenvolvimento da arquitetura, da alvenaria e da arte de
vidraria. (O nosso mosteiro da Batalha é um modelo da perfeição gótica).
Vimos
que a filosofia platónica serviu de
base às intenções apologéticas de santo
Agostinho e dos padres da Igreja que se seguiram. S. Tomás de Aquino, no século XIII, teve conhecimento do pensamento
de Aristóteles através de filósofos árabes e apercebeu-se que o seu realismo
valorizador do homem como um todo (o homem é um animal racional) se ajustava às
necessidades de fundamentação da rejeição de certas heresias do seu tempo.
Começou a servir-se deste filósofo retorcendo-lhe o pensamento, de acordo com
as necessidades das demonstrações teológicas. O pensamento filosófico perdeu
assim uma das suas principais características - a autonomia.
A ciência não se desenvolveu na Idade
Média porque se
aceitava, ingenuamente, que já se sabia tudo. Aristóteles fizera a síntese dos
físicos anteriores, dizia que a terra era imóvel, que todos os astros eram
feitos duma substância vítrea e giravam à sua volta (geocentrismo) o que veio a
ser confirmado matematicamente, pelo astrónomo Ptolomeu no século lI. A Bíblia
sancionava esta teoria evidente.
Qualquer
inovação era remetida para a bruxaria, como acontecia com os alquimistas que se
esfalfavam à cata da pedra filosofal, capaz de transformar pedras em ouro.
Ainda assim, para evitar a divulgação das heresias que nasciam como cogumelos,
a Igreja criou a Inquisição no século XII, (uma das maiores nódoas da sua
história), que se manteve ativa, na punição violenta dos dissidentes, em várias
nações europeias, até ao século XVIII.
Só
a matemática continuava a desenvolver-se tranquila e inofensiva, por ser uma
ciência especulativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário