RENASCIMENTO
INVENÇÃO DA IMPRENSA – A ARTE RENASCENTISTA – OS DESCOBRIMENTOS –
NICOLAU COPÉRNICO – FRANCISCO BACON -GALILEU
O Renascimento foi um movimento
cultural que nasceu em Itália no séc. XIV e que se estendeu pela Europa latina,
nos séc. XV e XVI. Caracterizou-se pela motivação dos nobres por assuntos
culturais que, assim, deixaram de ser apenas reservados aos clérigos. Com a
laicização, abriu-se o leque das preocupações culturais. Surgiu um grande
entusiasmo pelos autores pagãos, gregos e latinos (os clássicos antigos), cujas
obras eram estudadas cuidadosamente. O homem passou a ser o principal objeto de
estudo dos renascentistas, passando os temas teológicos para segundo plano.
A invenção da imprensa, em meados do
séc. XV, por Gutemberg, foi um preciso meio técnico para a difusão das obras
antigas.
A descoberta de
novas terras, (totalmente desconhecidas na época e que representavam mais de
meio mundo), o encontro com novas culturas no Oriente e a confirmação de que a
terra era redonda, tudo isto veio baralhar o pensamento monolítico medieval. Ao
mesmo tempo, rasgaram-se, espantosamente, os horizontes da cultura, com
motivações de natureza económica (a "dilatação do império" e a viagem
ao Oriente por mar, para comprar especiarias) e de natureza religiosa (a
"dilatação da fé" e o combate aos infiéis).
Os Descobrimentos,
com a dominação portuguesa (e espanhola) nas costas e mares da África, América
e Ásia, constituem, sem a menor dúvida, não só o começo da expansão marítima da
Europa e da cristandade, mas são também um dos marcos mais visíveis a separar o
mundo medieval do mundo moderno.
Quando os
inquisidores concluíram que o livro de Copérnico escondia uma heresia já não
foram a tempo de massacrar o herege, porque a morte antecipara-se.
O maior
contributo de Galileu para a ciência moderna foi, sem dúvida, a matematização do real. Constatando a
inutilidade da pesquisa especulativa e silogística dos aristotélicos, à procura
de essências e substâncias, rejeitou essa tarefa e teve a intuição de que o
Universo, feito por Deus todo-poderoso, tinha de ter uma estrutura tão coerente
e lógica como a própria matemática. Além disso, o conhecimento matemático
eliminava de vez as disputas intermináveis dos filósofos escolásticos, muitas
vezes sobre questões de "Iana caprina'. Ao restringir o campo de investigação
científica à perspetiva quantitativa, Galileu pôs de parte as questões acerca
das substâncias (por serem inacessíveis) e das qualidades (por serem
subjetivas).
Poder-se-á dizer
que Galileu se limitou a ressuscitar a velha teoria dos pitagóricos da base
matemática da realidade? De modo nenhum. Galileu, antes de construir uma teoria
matemática interpretativa da realidade - hipótese
- observava criticamente a natureza, procurando desocultar os segredos do rigor
das suas leis. A observação racionalizada podia até estar em contradição com a
evidência imediata (como acontece com o movimento não sensível da Terra), mas
Galileu, quando elaborava a hipótese, trabalhava sobre os dados criteriosamente
recolhidos, não se deixando impressionar ou distrair pelos aspetos não
quantificáveis. Havia assim uma dupla garantia de verdade: a dos sentidos e a
da razão, em recíproca vigilância. Galileu
conjugou bem o experimentalismo de Bacon com o matematismo de Copérnico.
O entusiasmo de
Galileu pelo seu novo método levou-o a dizer que a ciência matematizada era um
caminho mais rigoroso do conhecimento de Deus que a própria Bíblia, (que está
escrita numa linguagem figurativa, adequada aos ignorantes), enquanto que a
linguagem matemática permite conhecer as leis do Universo, tais como Deus as
elaborou.
Galileu ainda
não estava satisfeito. Para evitar um matematismo desviado da realidade
concreta, era preciso submeter a hipótese à experimentação para verificar a sua
adequação. Criou então alguns modelos mecânicos (ou instrumentos laboratoriais,
como o plano inclinado e o telescópio) capazes de garantir, pela repetição da
mesma experiência um grande número de vezes, que o fenómeno obedecia
rigorosamente à hipótese. Se tal não acontecesse, a hipótese mantinha o seu
valor na matemática pura, mas seria preciso investigar mais e melhor para
encontrar a lei da natureza que se procurava.
Galileu revelou
uma intuição genial na aposta que fez no novo método. Quando contestou a física
de Aristóteles, e o geocentrismo não tinha garantias suficientes da verdade da
sua opinião. Podia ter falhado, mas não. Abriu o caminho para a ciência que se
manteve, quase sem contestações, até meados do século XIX. Na ciência, como na
vida, além de um esforço muito persistente, e de muitos conhecimentos, é também
preciso um pouco de sorte.
lourencoarm.blogspot.com
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