sábado, 10 de novembro de 2012

CIENCIA MODERNA E CONTEMPORANEA


 

 
 
CIENCIA MODERNA E CONTEMPORANEA
 
 
O contributo de Galileu (Século XVII) para a formação da Ciência Moderna tor­nou-se fundamental em vários aspetos, muitos dos quais continuam válidos na ciência atual
A matematização dá um rigor tal à ciência que todas as leis científicas passaram a ter uma formulação matemática. Durante os séculos XVII e XVIII são as ciências exatas como a Física e a Química a matematizar-se. No século XIX também as ciências humanas querem adotar fundamentos matemáticos. Por exemplo, a psicologia behaviorista de Watson para tornar-se ciência, teve de recorrer a invenção de fórmulas matemáticas.
  O rigor da matemática impõe as leis científicas que passam a ter uma validade tão garantida que não admitiam qualquer exceção. Por exemplo, a lei da atração universal, formulada por Newton, no século XVIII, é considerada uma lei do Universo de que nenhum corpo pode libertar-se.
A descoberta de uma Lei corresponde ao encontro do modo como Deus arquitetou o Universo. A Lei dá à ciência uma exatidão inultrapassável por qual­quer outro domínio do conhecimento.
  A ciência constrói-se na coerência lógica do pensamento e, por isso, ela é modelarmente racional.
Os conflitos desta ciência rigorosa com o senso comum ou com as crenças reli­giosas são sempre resolvidos de modo favorável à ciência. A Igreja assumiu o princípio de que os dogmas de fé, apesar de não serem racionalmente com­preendidos, não podem contradizer a racionalidade científica.
 O princípio de causalidade aristotélico, "não há efeito sem causa" tornou-se mais radical na ciência: "não há efeito sem causa e postas as mesmas causas seguem-se necessariamente, os mesmos efeitos ". Adquire-se assim, a garantia de que, se pretendermos produzir um determinado efeito, basta colocar o con­junto de causas adequadas.
Esta racionalidade da ciência continua a ser, ainda hoje, essencial e indispensável.
 Einstein (século (XX) afirma que a Física é mais uma construção do pensamento do cientista do que uma demonstração laboratorial.
 Ligação da Ciência Com a Técnica:
 Quando Galileu pretendeu demonstrar aos seus contemporâneos que a Lua não era um corpo vítreo, como afirmara Aristóteles, pois tinha montes e vales, recorreu à luneta astronómica, construída por ele, com lentes existentes na época. A técnica tornou-­se assim, pela primeira vez, auxiliar indispensável para uma demonstração científica. Des­de então, a técnica tem sido uma companheira indissociável da ciência. A eclosão da revolução Industrial no século XVIII, com o seu crescimento exponencial até os nossos dias, aprofundou cada vez mais este vínculo entre ciência e técnica.
A técnica, para evoluir, aproveita-se dos conhecimentos científicos. A ciência, para investigar, precisa cada vez mais dos meios técnicos. Veja-se, por exemplo, o que acon­teceu no campo da Eletricidade. A descoberta laboratorial desta forma de energia foi uma curiosidade que deu os frutos técnicos que Edison e outros transformaram na espan­tosa utilização que constitui hoje a energia elétrica.
 Da Ciência Exata à revisibilidade da Ciência:
 Em meados do século XIX, alguns matemáticos começam a pôr em dúvida os seus fundamentos lógicos: será a Matemática uma exigência da própria estrutura do real, ou apenas uma convenção dependente de quem a constrói? Esta polémica leva à crise do rigor da ciência. As Leis científicas, que se apresentam como imutáveis, começaram a ser encaradas como hipóteses suscetíveis de exceções. Na verdade, a construção de qual­quer Lei radica no princípio da indução aristotélica: um fenómeno observado como cons­tante, num determinado número de experiências, manter-se-á sempre idêntico. Parte-se assim de uma situação particular (um número finito de experiências) para uma situação geral (garantia da definitiva validade). Ora, a indução implica sempre um salto no desconhecido, uma garantia que ultrapassa a experiência já realizada. É como se alguém dis­sesse: porque todos os dias experimento que estou vivo, posso concluir que me sentirei sempre assim. O princípio da indução torna-se no início do século XX, uma das principais causas da contestação da lei científica. O Círculo de Viena, conhecido como Positi­vismo Lógico, examina, até a exaustão, a validade da indução considerando-a sempre insegura.
A evolução da Física dos grandes fenómenos para a Microfisica (descoberta e estudo do átomo) aponta também para uma ciência incapaz de determinar, com rigor, leis para os fenómenos. O mais que se pode garantir são hipóteses prováveis, mas sempre dependentes do indeterminismo. Deixa de ser possível formular leis. Atendendo a que o cientista nunca pode garantir que conhece todas as causas dos fenómenos, tem de con­tentar-se em formular teorias que são a explicação mais provável para o fenómeno, ser­vindo-se dos conhecimentos da sua época. Mas, por mais elevada que seja esta probabi­lidade, é sempre possível, com o evoluir da ciência e da técnica, acontecer a surpresa de novas descobertas, que vão implicar mudança na teoria. Esta situação verifica-se com frequência no campo da Farmacologia, onde um determinado medicamento, considerado eficaz para milhões de tomadores, acaba por ser retirado do mercado por causa de surgi­rem efeitos nocivos, inicialmente imprevistos. A impossibilidade do conhecimento de todas as causas dos fenómenos toma a ciência revisível. Uma teoria mantém-se válida enquanto não houver demonstrações que a contrariem. Tal situação resulta da evolução científica e tecnológica.
A causalidade científica perde assim o caráter determinista herdado da Ciência Moderna (séculos XVII - XIX) e dá lugar ao indeterminismo probabilístico.
 Uma Ciência Paradigmática:
 Alguns filósofos que estudaram a ciência do século XX, como por exemplo Edgar Morin, introduziram o conceito de paradigma para caracterizar esta ciência em mudança. Um paradigma engloba um conjunto de normas, de princípios, de demonstra­ções, de leis que são válidas durante um determinado tempo. Enquanto não aparecem novas experiências ou novas teorias com força suficiente para se imporem à mentalidade dos cientistas, o paradigma mantém-se. À medida que surgem dissonâncias significativas por causa das novas descobertas, assiste-se à formação de novo paradigma que acaba por impor-se, em substituição do anterior.
Vejamos o que aconteceu no campo da Física. No início do século XX, estuda­vam-se os grandes fenómenos observados a olho nu, ou com auxílio do telescópio. De­pois dos fenómenos serem submetidos à análise laboratorial e à matematização, podia inferir-se uma nova lei. Mas, a descoberta de substâncias radioativas veio abalar o prin­cípio aristotélico de que as substâncias físicas eram inertes. Tais descobertas não destruí­ram logo o paradigma da Física Clássica. Foi o surgir das teorias dissidentes de Einstein, de Max-Planck, de Heisemberg, do casal Curie e outros, que provocou a sua destruição. No entanto, foi já perto de meados do século XX que se impôs o novo paradigma da Física atual, a que podemos chamar Microfísica
 
 
 
 


 
 

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