DO ABSOLUTISMO AO ILUMINISMO
O absolutismo régio estabeleceu-se na
Europa a partir do Renascimento, em consequência do crescente poder real, à
custa do enfraquecimento do poder dos senhores feudais. Em Portugal, o
absolutismo começou com D. João II (1455-1495) que recorreu a todas as
estratégias, desde a introdução da inquisição às queixas dos procuradores dos
concelhos, para fortalecer o poder régio e demolir o poder económico e político
da casa de Bragança e de muitos outros nobres.
A concentração
dos três poderes (Legislativo, executivo e judicial) nas mãos do rei tinha a
sanção da Igreja que defendia que todo o poder vem de Deus e, por isso, o rei
gozava duma iluminação divina especial, que garantia o acerto de qualquer
decisão sua.
Não era difícil
prever que tal concentração de poderes desse origem ao despotismo régio. Foram
alguns autores iluministas, como Voltaire, Rousseau e Montesquieu, os grandes
críticos dos desvios do absolutismo régio e, concomitantemente, ideólogos da
Revolução Francesa.
Não deixa,
contudo, de ser caricato que o pensamento livre e soberano dos iluministas
tenha dado abertura ao absolutismo, uma das maiores aberrações sociais do
Ocidente. Kant, apesar de inserido no iluminismo, valorizando a razão como
fundamento do conhecimento científico e da moral, demarca, na sua Critica, os
limites da razão, incapaz de conhecer as essências das coisas e tudo o que se
situa para além do observável. Afinal a deusa Razão tinha pés de barro. O
desacordo de Kant com o absolutismo régio revela-se, também, no valor atribuído
à autonomia da vontade individual e no entusiasmo com que saudou a Revolução
Francesa.
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