sábado, 10 de novembro de 2012

EVOLUÇÃO DOS HOMINíDEOS ATÉ AO HOMEM MODERNO


 




 

EVOLUÇÃO DOS HOMINíDEOS ATÉ AO HOMEM MODERNO

 

Até ao século XIX, embora houvesse teorias que punham a hipótese da evolução das espécies, a tese dominante era a da narração bíblica da criação dos animais e do homem, por intervenção direta de Deus: era o criacionismo ou fixismo. Então, o naturalista inglês Charles Darwin, com base em observações feitas numa viagem a América do Sul, colheu elementos para escrever a célebre obra Da Origem das Espécies por Via da Seleção Natural que lançou as bases do evolucionismo.
Darwin defendeu o princípio de que as diferentes espécies tiveram origem num tronco comum que se abriu em múltiplas ramificações, com características idênticas. Uma destas ramificações foi a dos símios, onde se inserem os hominídeos que passaram por várias etapas até ao aparecimento do homem atual. Foi a seleção natural que provocou a sobrevivência dos mais fortes (que não são os mais corpu­lentos, mas os mais capazes de enfrentar as agressões do meio).
As teses de Darwin foram muito contestadas, mas acabaram por impor-se, porque os antropólogos iam descobrindo fósseis, em várias partes do mundo, que vinham confirmá-las. Note-se que a evolução se processa com uma lentidão enorme, ao longo de milhões de anos, não sendo, por isso, possível comprová-la em trabalho de laboratório.
Os fósseis do Homo erectus, descobertos na África Oriental e na Ásia, reportam-se a um hominídeo que terá vivido há 1,5 milhões de anos. Tinha uma capacidade craniana de 1.000 cm3, (o Homem atual tem cerca de 1500 cm3). Deu-se-lhe esse nome porque já caminhava de pé, libertando, assim, as mãos para outras tarefas.
Há 200 mil anos, o processo evolutivo conduziu ao aparecimento do Homo sapiens. Finalmente, deu-se o salto que marca o início do homem capaz de ter consciência de si mesmo e das coisas, um homem que se assemelhava a qualquer um de nós, em quase tudo. A consciência só foi possível porque o cérebro adquirira já uma complexidade idêntica à do nosso cérebro; porque a memória adquirira já a capacidade fantástica de reter os episódios ocorridos, quer há pouco tempo, quer ao longo da vida, o que forçou a formação da linguagem. Esta "tinha de ter formas de expressão e comunicação adequadas aos membros do grupo, tinha de conter a mensagem que cada um evocava e pretendia comunicar (= pôr em comum). Do mesmo modo que hoje nos vemos forçados a criar palavras novas para falar de com­ponentes informáticos, de novas tecnologias, - ou de reformular o sentido de expressões relativas a acontecimentos marcantes, como o 11 de setembro ou a queda da ponte Hintze Ribeiro, também o Sapiens precisou de inventar novas formas de dizer. O processo de linguagem foi-se incrementando na convivência em grupo, durante o dia, nas ações de caça, recolha e confeção de alimentos e, à noite, junto da fogueira (que servia para aquecimento, para cozinhar alimentos e para afugentar os animais perigosos), na narrativa do que marcara o dia de uns e outros e que levava os mais velhos a referir episódios idênticos vividos há muito por eles. (Daqui deduzi­ram a necessidade da contagem do tempo). A linguagem tornava-se, também, cada vez mais simbólica, à medida que, além de factos, era preciso referir as emoções. Por isso, se as onomatopeias (palavras idênticas ao som produzido pela realidade que referem) terão bastado no início do processo linguístico, depressa se impôs a simbolo­gia que foi a causadora da diversidade de línguas, (o que evidencia bem a distância entre pensamento e comportamento animal). O pensamento abstrato foi-se cons­truindo pelo gradual afastamento da realidade concreta e pela necessidade de referir sentimentos e ideias não concretizáveis.
Como refere Edgar Morin, a mão dos hominídeos foi adquirindo versatilidade e destreza ao longo de centenas de milhares de anos, em dialética com a posição bípede e com o aumento das capacidades do cérebro. Antes de serem conscientes, os hominídeos já eram capazes de construir instrumentos de caça e utensílios domésti­cos, servindo-se da influência dos outros e das suas capacidades. Mas a consciência do sapiens possibilitou-lhe avanços rápidos em todos os campos da técnica de cons­trução e diversificação de objetos, na utilização de novos materiais, na recolha, confeção e conservação de alimentos. Com o Homo sapiens, surgiram organizações de vida familiar. As organizações sociais iam-se tornando cada vez mais complexas ocupando, as tradições e rituais, um lugar cada vez mais importante e, em conse­quência, os membros mais velhos do grupo adquiriam maior relevância, pois eram os únicos guardas do arsenal do passado, na sua memória.
O Homem de Neandertal, surgido há cerca de 100 mil anos, expandiu-se por toda a Europa, como se comprova pela descoberta de fósseis. Além do culto dos mortos, manifesto em vários rituais, este homo sapiens revelava grandes capacidades criativas, patentes nas técnicas de construção de cabanas, para resistir ao frio. No dizer de alguns antropólogos, se, por hipótese, um Homem de Neandertal (homo sapiens) aparecesse hoje, adaptar-se-ia em tudo à nossa vida, distinguindo-se apenas por ter um crânio mais alongado que o habitual.
O Homem Moderno ou Homo sapiens sapiens, apareceu há cerca de 35 mil anos, na Europa ena Ásia. A sua presença na América deve ter sido possível graças à travessia do estreito de Bering (que liga a Ásia à América do Norte), ou gelado, nos Invernos rigorosos, ou seco, por causa da retenção de grandes quantidades de água, nos glaciares. O homem começou a preocupar-se mais com a efemeridade da sua existência, e consequente busca da perenidade, desenvolvendo rituais e atos mági­cos, revelados nas pinturas de animais e homens, no teto e paredes das cavernas. São bons exemplos as grutas de Altamira, em Espanha, e de Lascaux, em França. Essas pinturas são, também, a primeira grande manifestação de criatividade artística na pré-história. Associados à arte rupestre, devem ter surgido os grandes mitos que domi­naram a cultura, até ao aparecimento do espírito crítico dos gregos, no século VI a.C.

 

 

 

 

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